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Feasibility ou facticidade?

Foto do escritor: Flavia Martins de MoraesFlavia Martins de Moraes


Existe uma grande diferença entre traduzir um texto acadêmico e um texto de registro de prática profissional. Nem sempre isso parece claro para quem contrata um tradutor.

Muitas vezes quando o cliente pede a tradução de um texto e faz algum tipo de ressalva quanto a linguagem, nós tradutores sempre vemos isso com cautela. A ideia de que um contrato, por exemplo, tem a mesma linguagem jurídica que um livro sobre direito processual é absolutamente equivocada.

A linguagem técnica específica de cada área tem as suas variações. Um contrato tem muito mais uma linguagem típica em cada país do que um volume grande de termos técnicos. Enquanto em um contrato brasileiro podemos ver a redação “Pelo presente instrumento particular, de um lado...” vemos em um contrato britânico “This agreement is by and between”. Fora o termo ‘instrumento particular’, não há o uso de termos técnico-jurídicos.

Podemos fazer a mesma observação sobre qualquer outra área específica. Um texto feito por e para um círculo científico não é necessariamente um texto com linguagem técnica. Uma indústria farmacêutica pode produzir um texto direcionado a leigos apenas com termos genéricos. Um físico como Neal deGrasse Tyson raramente usa dermos técnicos quando se dirige ao público amplo.

O que mais me preocupa como tradutora são sempre os textos corporativos, cheios de estrangeirismos. Muitas vezes palavras que podem ser facilmente traduzidas e que têm um bom equivalente em português devem ser mantidas em inglês e usadas de uma forma, ‘prescritivamente’ falando, bastante equivocada. Uma vez vi o uso de ‘feasibility’ em um momento em que seria muito mais fácil usar ‘facticidade’.

Quando a tradução deve ser feita do português para o inglês esse tipo de linguagem pode parecer exótico, mas é fácil saber o que fazer. Quando o contrário acontece, passar do inglês para o português, tudo fica mais delicado. Eu já traduzi a palavra ‘rollout’ e depois descobri que o mundo corporativo estava usando como estrangeirismo (algumas vezes de forma ligeiramente diferente do original no inglês, outras, simplesmente mantida no contexto do original).

Os desafios da tradução podem ser bem diferentes daqueles que imagina o leitor.

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